Alados, este post também poderia fazer parte da coluna de Língua Portuguesa, mas como ele está intimamente ligado ao processo de escrita de romances, contos e outros Gêneros Literários, concluí que é mais adequado colocá-lo no "Coisas de Escritora".
Hoje falarei um pouco sobre a construção de diálogos, dar dicas para deixá-los mais interessantes, e também falar um pouco sobre a forma correta de pontuá-los; algumas coisas que acabei de pesquisar e também dicas do que fui aprendendo com a prática. Espero que possa ser útil!
A pontuação também é algo que parte do gosto do autor. Porém, existe uma forma mais utilizada pela maioria dos escritores consagrados que deixa o texto mais limpo, mais organizado. Perceba só a diferença:
Hoje falarei um pouco sobre a construção de diálogos, dar dicas para deixá-los mais interessantes, e também falar um pouco sobre a forma correta de pontuá-los; algumas coisas que acabei de pesquisar e também dicas do que fui aprendendo com a prática. Espero que possa ser útil!
Os diálogos utilizados como exemplos não foram retirados de nenhuma obra publicada, eu mesma os formulei para melhor compreensão do conteúdo.
A formatação e a pontuação:
A primeira coisa que um escritor precisa decidir é como será a formatação de seus diálogos. Em outra postagem, já falei sobre o uso do travessão e das aspas. Claro que usar um ou outro não será garantia de que o texto fique mais ou menos fluido, é apenas uma questão de gosto pessoal. Eu prefiro usar o travessão mas, se você gosta mais das aspas, não hesite em usá-las.A pontuação também é algo que parte do gosto do autor. Porém, existe uma forma mais utilizada pela maioria dos escritores consagrados que deixa o texto mais limpo, mais organizado. Perceba só a diferença:
Exemplos:
— Já sei quem pode ajudar— admitiu ela, com um suspiro.— Mas precisarei de sua ajuda, Paula.Perceba onde os pontos, travessões e vírgulas foram colocados. É assim que você deve fazer em todas as falas semelhantes. Claro que não é uma regra rígida, mas é o padrão mais utilizado profissionalmente aqui no Brasil.
— Já sei quem pode ajudar. — E suspirou. — Mas precisarei de sua ajuda, Paula.
— Já sei — começou ela a dizer — quem pode nos ajudar.
— Paula — chamou a garota —, acho que já sei quem pode nos ajudar.
O Discurso Direto:
Este é o tipo de discurso mais utilizado na Literatura. Nele os personagens interagem diretamente um com ou outro, podendo ou não acontecer a intervenção do narrador (principalmente através de marcações).Discurso direto sem marcação:
Este tipo de diálogo acontece sem precisar da intervenção do narrador. É muito bom para conversas entre duas pessoas, principalmente se você quiser passar o efeito de rapidez:Exemplo:
— Oi, Júlia! O que está fazendo aqui?
— Procuro pelo Pedro. Você o viu?
— Não. Acabei de chegar.
— Se o encontrar, avise-me, por favor!
— Claro.
Discurso direto com marcação:
Agora, se a conversa for entre mais personagens e/ou você deseja dar um clima diferente à conversa, pode entremear as falas com o travessão (ou as aspas) e usar certos verbos especiais, que chamamos de verbos "de dizer" ou verbos dicendi.Exemplo:Procure variar os verbos dicendi de acordo com o que for mais adequado para a fala. Isso deixará o texto menos cansativo e também garantirá um diálogo mais dinâmico. Pode usar, por exemplo, os verbos: comentar, expor, contrapor, retrucar, replicar, refutar, negar, atalhar, insinuar, ponderar, concluir, inquirir, repetir, supor, declarar, resumir, etc.
Carlos sentou no sofá, ao lado de sua amiga, e disse:
— Oi, Ana!
— Oi! Pensei que você só chegaria mais tarde — respondeu ela, ajeitando uma mecha de seu cabelo.
Exemplo:Lembrando que você também pode omitir a intervenção do narrador vez ou outra. Lembre-se de que muitas ações o próprio leitor pode inferir sem a sua ajuda.
— Menina, fiquei sabendo de um babado...
— Não! Eu não quero mais ouvir suas fofocas! — atalhou a outra, exausta.
O Discurso Indireto:
Também há uma forma de escrever diálogos apenas os descrevendo durante a narração, sem precisar de travessões para marcá-los.Exemplo:O discurso indireto também pode ser uma boa ferramenta para encurtar diálogos que, se fossem descritos fielmente, ficariam longos demais, ou muito repetitivos. Podem preceder, inclusive, um discurso direto, ou resumir o final de uma conversa, ou o meio da mesma.
A garota saiu da escola apressada. Vários colegas seus abordaram-na no caminho, perguntando o que havia acontecido. Ela apenas respondeu a todos que estava bem, embora não fosse verdade.
Exemplo:
João entrou no aposento e contou cada detalhe do que acontecera à sua mãe. Disse a ela que as coisas estavam indo de mal a pior.
— E o vamos fazer a partir de agora? — perguntou a mulher assim que seu filho acabou o relato.
O Discurso Indireto Livre:
Quando escrevemos um texto em terceira pessoa, podemos também introduzir entre a narração uma fala ou um pensamento do personagem. Pode parecer algo complicado à princípio, mas é um recurso muito bom para ser utilizado quando o personagem está sozinho.Exemplo:Claro que este recurso não é utilizado na narração em primeira pessoa, pois todo o texto já se refere aos pensamentos e falas do protagonista.
Maria observava as pessoas que passavam pela rua, seguindo pelas calçadas, até sumir na esquina. Que gente estúpida!
Outras dicas:
- Você pode (e deve) intercalar os três tipos de discurso durante sua obra. Isso deixa o texto mais rico e interativo;
- Cuidado para não esquecer de colocar falas para todos os personagens que estiverem em cena, pois as pessoas raramente não tem nada a comentar em uma conversa. Se alguém estiver calado ou quieto, explique isso durante a narração;
- Você também pode colocar ações físicas dos personagens nas marcações, como um suspiro, uma pausa, um sorriso, um juntar de sobrancelhas, mas não abuse deles!
- Quando for usar gírias, expressões estrangeiras ou palavras escritas de forma errada para deixar seu personagem mais realista, coloque-as sempre em itálico (pois seus leitores precisam ter certeza de que quem errou ao falar foi o personagem, não você).
- Cuidado com falas muito longas. Aproveite os personagens que estiverem em cena para fazer pequenas interrupções, isso vai garantir que seu leitor não se canse com discursos longos;
- Lembre-se que as falas devem refletir a personalidade do personagem. Coloque sentenças engraçadas para os personagens mais divertidos, e palavras sóbrias para os mais sérios.
Espero que tenha gostado do post de hoje e que ele possa ser um auxílio para que seus textos fiquem cada vez melhores!
Beijinhos Alados,
